Entre o abrir e o fechar de uma porta, eu vi.
Nesse segundo imenso, vi o fim e o começo do mundo.
Vi a Mãe Natureza, Deus e o Apocalipse.
Vi o Paraíso e o Inferno de Dante.
Entre o abrir e o fechar de uma porta sem chaves,
evidenciei o certo, o perfeito, o completo.
Nesse instante de perfeição, compreendi a moral da história
Entendi o que jamais entendera.
Vi o nu e o cru, sem empecilhos de Zeus.
Vi o cheiro balsâmico e aromas insuperáveis.
Sem sair da caverna, contemplei a Ideia de Platão.
Vi, nesse segundo de perfeição,
um sol se acender e se apagar muito rápido.
Vi constelações infinitas,
Num piscar de um olho
Vi o Big Bang e o Big Crunch
Vi a explosão de uma bomba atômica,
Vi Caim chorar por perdão,
Vi a serenidade do Buda
e um cético acreditar.
Vi o charme e a irreverência de Elvis,
a eloquência de Sócrates,
Vi Deus morrer — e renascer num instante.
Vi a navalha de Ockham optar pelo complexo,
vi zilhões de pensamentos humanos.
Em um só segundo, vi o futuro do passado presente.
Vi a abertura espanhola,
a solução de Rubik,
e, entre o abrir e o fechar de uma porta,
vi um anjo sem asas voar.
Vi a beleza absoluta.
Vi quando começa a vida.
Vi a saída do labirinto do Fauno.
Vi Afrodite cobiçar a beleza das pérolas.
Vi o amor e o ódio em harmonia,
o cosmo e o caos em equilíbrio.
Vi, em apenas um segundo,
o que ninguém jamais viu:
vi o sentido de tudo.
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